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sexta-feira, 7 de junho de 2013

1822 – Laurentino Gomes



O destino cruzou o caminho de dom Pedro em situação de desconforto e nenhuma elegância. Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga. A causa dos distúrbios intestinais é desconhecida. Acredita-se que tenha sido algum alimento malconservado ingerido no dia anterior em Santos, no litoral paulista, ou a água contaminada das bicas e chafarizes que abasteciam as tropas de mula na serra do Mar. A montaria usada por dom Pedro nem de longe lembrava o fogoso cavalo alazão que, meio século mais tarde, o pintor Pedro Américo colocaria no quadro Independência ou morte, a mais conhecida cena da Independência do Brasil. Uma testemunha, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, se refere a uma “baita gateada”. Outra, o padre mineiro Belchior Pinheiro de Oliveira, cita uma “bela besta baia”. Em outras palavras, um animal sem nenhum charme, porém forte e confiável naquela época de caminhos íngremes, enlameados e esburacados. Foi, portanto, como um simples tropeiro, coberto pela lama e pela poeira do caminhos, às voltas com as dificuldades naturais do corpo e de seu tempo, que dom Pedro proclamou a independência do Brasil.
A cena real é bucólica e prosaica, mais brasileira e menos épica do que a retratada no quadro de Pedro Américo. E, ainda assim importantíssima.
Ela marca o início da história do Brasil como nação independente. 

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